segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Nos Sonhos de Algum Fronteiro.

Foto: Eduardo Amorim


Cai a noite na fronteira,o campo veste-se num manto negro com fartos lumes de pirilampos encandecendo as coxilhas que adormecem caladas. No ranchito quinchado costeando um capão de mato,um pampeano descansa,sorvendo os últimos mates de um dia estafante de lidas no campo.

Os olhos gachos de sono que já teimam em quedar-se,vão mirando os quatro cantos do catre,onde repousam seus arreios,consumos,uma guitarra companheira das noites frias e ao seu lado um velho cusco parceiro das patriadas e atropelos de tropa.

Os mates se findam, a cambona adormece no braseiro amorenado,a guitarra cala as cordas,o cusco se recolhe junto à um xergão esfiapado no canto do galpão e o fronteiro ruma pra o catre manso que lhe espera "invidando" pra velar o sono esperado.

Até aí, um simples início de causo rotineiro destes homens que povoam os campos da campanha gaúcha,porém,lhes pergunto: -O que será que habita os sonhos de um fronteiro ?

Será que são as mesmas vontades e anseios que habitam o sonho de rapazotes urbanos,acostumados a viver debaixo da asa dos pais ? Não,concerteza não !

Comumente se nos perguntarem o que um 'guri urbano' sonha,por certo responderíamos que sonha em adquirir seu carro,fazer sucesso e ganhar fama ,conquistar "lotes" de dinheiro e afins. (Valores materiais).

Agora,um fronteiro de mãos e pés calejados pelos ferros dos estrivos e canas de rédeas,inverteria esses "sonhos povoeiros". Lhes digo que este senhor pediria apenas uma vida plena e em harmonia com o solo pampeano,pediria um bom pingo soguereando no costado das casas,pediria que nunca falte lidas,por mais cansativas que sejam, mas que sempre tenha o sustento da gurizada na mesa e n'algum pedido mais terno,pediria que a estrelita morena que espera suas idas ao povo,sempre guarde no coração o querer mais puro que torna suas almas iguais.(Valores sentimentais).

Não tenho este relato para comparações,muito pelo contrário, somente peço que leiam com a alma e com o coração, e tirem suas próprias conclusões se realmente fazemos os pedidos justos à cada noite em que deitamos a cabeça no travesseiro, se realmente precisamos pedir mais do que já temos. Assim tenho certeza de que saberemos repensar melhor nossos sonhos e descobrir o quanto a vida foi singela conosco.


Peço ao sonho mil amores,mesa farta para os meus

e assim agradeço à Deus pelo dia vivenciado

Se às vezes mais aquietado,me pego um tanto risonho

é que revejo meus sonhos mesmo sonhando acordado...

A vida será mais grata quando a consciência aflorar

nos tocando à respeitar o sonho dos 'índios' tantos

Aos que não vêem pirilampos por viverem na cidade

só peçam PAZ e IRMANDADE,vestindo os sonhos de CAMPO!



Texto de: Matheus Costa - @MatheusCosta777

Postado por: Elliézer Garcez - @elliezergarcez

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