segunda-feira, 7 de novembro de 2011

De Nossa Rédea.


Revendo velhos retratos da infância, me parei mais quieto,talvez relembrando tudo aquilo que fui,senti e vivenciei nas longas caminhadas de pés descalços,aproveitando o sabor da liberdade,da ausência de responsabilidade.

Lembrei também do todos (alguns não lembrados com os olhos,mas sim com o coração), todos aqueles que estiveram no meu lado até o presente momento.

Lembrei de um PAI heróico e parceiro,destes que nos botam em cima de petiços e nos levam bem mais adiante de onde um guri pensa chegar, sempre cuidando as pedras do caminho, costeando minha rédea com as mãos calejadas e um coração amadrinhador.

Lembrei também de uma MÃE protetora, -senhora da casa-, com aquele riso sempre estampado no semblante, mas com uma força de tormenta caso algum incomodo se acercasse de mim ou de nossa família.Esta mãe que me guiava pela mão nos passeios veraneiros e nas idas à escola,também costeou minha rédea, a rédea do saber,do amor e da educação.

Tive mais outros amadrinadores (as)...IRMÃO,companheiro de farras e tardes mormaçentas de retossos em volta das casas, me costeando pela rédea da amizade e da alegria jovem que habitava nosso peito.

AVÔ,centauro crioulo,à quem devo grande parte dessa alma pampeana que teimou se arranchar em mim.Um verdadeiro sábio dos arreios no qual sempre mantive total confiança e apego, este me costeou pela rédea do respeito,da sabedoria e do afago amigo que me regalou até o último momento que pode, só se rendendo à aquele agosto gelado em que Deus o precisou pra fazer forquilha no lombo da cavalhada da estância celeste.

AVÓ,nobre mulher da essência mais pura e simples que já conheci, uma vertente de prosas durante as tardes geladas de julho,e sestas compridas de verão.

AMIGOS, outros caminhantes que descobri junto à estrada,uns mais aquietados,outros mais farreadores, mas cada um trançou um tento da minha rédea,pra ser costeada pelo carinho amigo e sincero que compartilhamos em nossas almas brancas.

Enfim,tive tantos amadrinhadores na vida,muitos ficaram sem ser citados neste pequeno relato do tempo.Mas uma coisa me indaga, se acaso algum dia eu ficar longe de todos esses amadrinhadores, com a vida querendo sair "vendendo garras" num rumo indefinido, quem irá me costear ?

EU MESMO. Aí senhores, será preciso buscar forças de todos esses que falei, cada um com sua experiência e seu ensino, será preciso reculutar todas mãos "dos meus", e uni-las em duas somente, duas mãos que serão meu lápis,ou minha espora,como quiserem, para traçar o destino que me levará em direção ao que mereço e ao que desejei.

Bueno,aqui me recolho, pois vou ali segurar a mão de cada um dos meus "costeadores" enquanto posso e consigo tocá-los fisicamente. Por isso,aproveitem o máximo cada momento com seus familiares e amigos. Afinal,nunca se sabe o dia em que a vida seguirá apenas por conta DE NOSSA RÉDEA.



Texto: Matheus Costa - @matheuscosta777
Postado por: Elliézer Garcez - @elliezergarcez

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