A seca que assola o nosso estado não é de hoje, já vem desde setembro de 2010. Por vezes ela diminui um pouco, mas como se vê, volta a assolar a nossa terra. Hoje só estamos pagando a conta do que nós mesmos (humanidade) impusemos um dia.
Digo-lhes isso, pois o que se vê é a substituição do nosso tão subestimado campo nativo através de uma inversão de valores, planta-se árvore (eucalipto), onde é lugar de pecuária (RS) e cortam-se árvores para produzir pecuária onde é local de árvore (MS). Há ainda a rotulação de que o campo nativo é improdutivo o substituindo por culturas exóticas, fato menos grave, mas que às vezes também torna-se um problema. Porém toda essa substituição por conta da busca imediata por lucro faz com que sejam esquecidos valores importantes na constituição social do nosso Pampa. Foi ele quem evitou por muito o êxodo rural, fazendo com que ainda existam as estâncias, peões, changueiros, aramadores, andarilhos...
Isso mesmo senhores, o campo nativo é sim responsável também pela formação cultural do nosso povo. Uma vez que a nossa poesia e música falam sempre em campo, cavalo, gado, ou seja, coisas de fundamento inseridas neste contexto.
O campo nativo precisa ser valorizado através de ações de manejo racional.
Manejem esse campo –herança primeira
Da América grande que nos deu abrigo
Ele que há tempos sustenta a gente
Sem voz pra reclames há tantos castigos.
Estes versos acima, uma parceria minha com o Acélio Fontoura Jr. retratam exatamente o que vem acontecendo há tempos e precisa ser mudado. Principalmente para que em épocas como a que estamos vivendo, seca, o impacto não seja tão grande. E, assim, a hora que a chuva vier o campo mostra toda sua força.
Por falar em chuva, ela brindou o pago, e me inspirou aos versos, que compartilho com os amigos.
Alento veraneiro
Chuva mansa que a manhã veio brindar
Com o vento a brincar traz vida nova ao pago
Quando abençoa a Pampa com toda sabedoria
Traz alento a gadaria que busca sustento no pasto.
A natureza agradece a chuva que vai molhando
Com um sabiá assoviando uma cantiga à querência
Enquanto eu mato a sede num mate recém sevado
Qual o pasto molhado, com toda sua essência.
A manhã gris nos mostra o alento veraneiro
Na felicidade do terneiro que retossa na coxilha,
De quando a trovoada entropilha as garças no açude,
Mas depois vem a quietude, da sabedoria andarilha.
A chuva segue mansa, e eu aqui a matear
Então me ponho a pensar na terra tão castigada
Por tantas vezes judiada pelas árvores em linha
Por outras segue rainha pela chuva abençoada
Depois verdeja o campo que na várzea se entona
Porque a Pampa chimarrona pela água se escraviza
E a chuva que ameniza um sofrimento altivo
Num momento sensitivo faz o campo mostrar a vida
Marlon Risso,
Fevereiro de 2012.
@Rafael_Garcia1
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